Norte a dois
Saíram da vila pela estrada que serpenteava em direcção ao norte e à fronteira. Cada curva parecia ter sido desenhada para os fazer cair na ravina. Alternando entre a segunda e a terceira mudança o carro foi subindo lentamente por entre túneis de vegetação. Pelos vidros abertos o calor do fim da manhã entrava trazendo o aroma dos pinheiros e dos eucaliptos. No fundo do vale, para a esquerda, as lagoas das barragens reflectiam o sol em explosões de luz que ofuscavam a vista. A faixa cinzenta da estrada subia íngreme por entre maciços de arvores, entrecortados aqui e além por campos cultivados. Nas bermas erguiam-se por vezes escarpas de granito que faziam pensar em sentinelas gigantes daquele mundo onde estavam prestes a entrar. À medida que as últimas povoações foram ficando para trás, a paisagem tornou-se mais selvagem. As copas das arvores fechavam-se por cima deles, engolindo tudo num fascínio de verde. Os escassos raios de sol que conseguiam atravessar a folhagem davam à mata um to